sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A disputa pela felicidade

Já tinha se transformado em um forno aquele jaleco ou beca, como diziam os doutos ao meu lado. No microfone, uma professora que sabia que suas palavras não estavam sendo abstraídas pela plateia preocupada com a falta de ventilação naquela boate transfigurinada em auditório. Se ela sabia por que continuava?

Seguiu-se todo o protocoloco cortesão/presidencial de entrega de canudos: suportei quatro anos de trabalho em uma locadora de filmes, que com a quebra do monopólio dos DVDs passou a ser também cafeteria, lan-house, sex-shop até abrigar um restaurante a quilo; suportei ter que todo mês me contentar com dez reais para as despesas extras - transporte, alimentação, livros (também de pantete quebrada) e outros artigos de luxo como roupas. Aquele canudo representava tudo isso, todo esse esforço... o choro quis arrebentar a barreira das pálpebras. A professora que entregou o canudo disse-me "parabéns" e continuou em seu rítmo industrial a dizê-lo aos outros doutos colegas meus.

No fim abri finalmente o canudo. Nada tinha escrito. Pensei que fosse mais um título na minha vida, pensei que tivesse subido ao pódium, pensei que tivesse ultrapassado algum de meus colegas no campeonato de curriculum vitae. Mas era só um papel, em branco. Ainda bem que o diploma será entrege, assim conseguirei somar pontos na disputa pela felicidade