domingo, 30 de março de 2014

Melhoridade

Cheguei à melhoridade: a alteridade.

Cactos de vidro

Recolha seus cactos de vidro e venha dormir:
Sonhe ou pesadele, apesar dele.
Apenas e tudo.

domingo, 23 de março de 2014

O outro lado de desfalecer

Fugiu, aquilombando-se, fez morada, namorada, essa cadeira, como se reconhecendo que um dia tivesse sido árvore, mãe, mulher, aconchegou-se, criou raízes, contou histórias, historiadora de sua própria humanidade. Única, sem ser só, deixou ser até chuva desaguá-la. O vento levará quando secar, sabe-se, voar é o outro lado de desfalecer.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Capacidade de cagar

Como eu admiro as pequenas pombas e sua capacidade de cagar para a hierarquia social.

terça-feira, 18 de março de 2014

Silêncio bem remediado

Hoje o que eu preciso é silenciar. Deixar-me levar pelas corredeiras, fazer-me cachoeira, respingar em meu próprio pé. Silêncio bem remediado cura, em demasia, mata.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Imagine

Imagine: a dor de quem se convenceu de que nasceu para vencer. Afiar-se também é deixar-se na pedra.

domingo, 16 de março de 2014

Não nascemos para dar certo

Não confie em mim tanto quanto se confia em uma ponte velha. Afinal, não nascemos para dar certo, pois lutamos, ela contra a gravidade, eu contra a infelicidade.

terça-feira, 11 de março de 2014

Poetas são as rolinhas

Não me calo diante da minha pequenez poesia. Acalmo-me: poetas são as rolinhas, nascem galinhas que cismam voar.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Chuvas de março

Admiráveis chuvas de março: tateiam terras semeadas de asfalto em busca de carecidas raízes, alguma carícia de vida. 

Azul

Que cada gota traga o arco-íris, cada azul, cada azulejo, um céu.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Pesos e desmedidas

Dizem, um olhar vale mais do que mil imagens, um milhão de palavras. E o silêncio se pode desmedir?

segunda-feira, 3 de março de 2014

Uma senzala

O que tenho a oferecer são tão-semente parafusos enferrujados. Nem são meus, vou ter que roubá-los de velhos casarões, casas-grandes. Talvez possamos começar a construir uma senzala, sem sala, nem cela. Ou esse poema.