quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Um país de exilados e asilados

A cultura brasileira educacional é a junção de exilados e asilados, sempre aprisionados por si mesmos em muros e grades em janelas. Adolescentes e crianças aprendem bem cedo o valor do sinal, do apito, da contagem do tempo industrial, da desiniciativa quando se percebem velhos-jovens vivendo dentro de um asilo, sendo tratados como doentes por seus professores-enfermeiros, que lhes trocam a frauda, exilados de um mundo em que o pensamento é importante. Jovens e adultos continuam aprendendo nas universidades o valor da cópia, da produção em larga escala de trabalhos de internet (e para esses, Saramago, a internet salva o mundo), taylorando e fordizando quando se percebem velhos-adultos vivendo dentro de um asilo, onde recebem tratamento de camundongos competidores, dispostos a serem melhores que outros camundongos em suas esteiras de corrida infinitas, exilados políticos da luta cotidiana por melhores condições de vida. Escola e universidade são dois mundo separados, sem ponte que os alcancem, porque foram fundados para fins diferentes, nenhuma com intenção de educar-criar-perguntar: a escola para exilar e asilar professores, incompetentes de amar o próximo e a alpinista oportuno, aprendiz de burocrata; exilar e asilar, filhos de pais medíocres, incompetentes de amar o seus próprios filhos, porque deles querem distância; a universidade para exilar e asilar professores esquizofrênicos, professores não-professores, professores-pesquisadores, como se a pesquisa não fosse parte do ser humano, que desde seu nascimento é colocado diante de problemas que busca resolver; para exilar e asilar alunos sempre do futuro, graduandos, mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos, que nunca acabam de subir escadas imaginárias para satisfazer o desamor de seus pais, que os colocaram em asilos escolares, exilados do mundo.