terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Retomo

Retomo. Não escrevi no papel, na tela lcd do notebook, mas dentro de mim, esses anos todos, escrevia. Às vezes a tinta acabava, mesmo assim escrevia, e sangrava a ponta da caneta sem tinta dentro de mim. Mas escrevia, nem sempre doía, certas vezes eram leves toques de histórias cheias de expectativa. Descobri que sou um escritor de poucas linhas, por isso a demora. E as poucas linhas. E o ponto final já naquilo que mal começou. 

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Talvez fosse poeta


Se não tivesse rede social,
                         talvez fosse poeta.

Talvez fosse poeta, de manuscrito, de
caneta tinteiro, de caneta de tinta.

Talvez fosse poeta, de maquinarias, de
máquina d'escrever, de liquepeiper, de
sonora batida de dedo sobre teclas, de
teclas sobre papel A4.

Talvez fosse poeta, de 486, ou se mais
pobre, de 386, de tela negra e letra
verde, pisca-piscando à minha frente
no MS-DOS.

Talvez fosse poeta, de barulhinho de
impressora matricial, ou se mais
moderno, a jato de tinta, tinteiro.

Talvez fosse peota, se não tivesse
corretor automático, dizendo-me no
meu celular que a palavra correta é
                                               poeta.

terça-feira, 3 de maio de 2016

A cruz que assino

Falar em poesia é uma heresia, em tempo presente. Assino com uma cruz, agora. Desaprendi a ler, as palavras nunca fizeram tão pouco sentido. Existe uma vantagem: na new republic, a inquisição não me incomodará. Serei santo, certifico, certo fico.

domingo, 1 de maio de 2016

Desusotopia

Vivo uma desusotopia. Simples: não mais sonho. Utopia, onde moras? Thomas, tudo o que escrevo agora é ponto final. Sou uma ilha, percevejo? Não, nem percebo nem vejo. Perseguido. Agora, Thomas, aponte. A ponte sou eu. Passe-me nobres depurados. 

quinta-feira, 24 de março de 2016

Não são pássaros os que não cantam

Absurdo, João Jorge da Silva. Quanta préimpotência em negar a tevê três vezes. É nosso espelho d'alma. Não acredite nesses pardais que sujam a imagem de nosso vivo povo brasileiro. João Jorge da Silva, os pardais não são pássaros, não desconfia que de seu bico não nasça nota patriótima? Devemos, João Jorge da Silva, devemos caçá-los, esses escariotes, assá-los, esses montanos, içá-los, esses lesamajestosos, em praça pública, para temerem cagar em teleavisadores.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Teimosia sem-ter-nada

Já não sei escrever: teimosia compassiva, eu e a casa de João Jorge da Silva. Sem ter nada ou centenária?

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Segredos de liquidificador

Dizia-se mais que pedreiro, hospedreiro. Já porque eram as pedras que lhe criavam o muro, berlindo. Carcereiro de si, foi fechando as janelas do mundo, como só pudesse agora falar por incomparações. Encorporações, em corpo e corações, desliquidificava-se desse liquidificador, planeta d'água-parada. Quem quisesse nele se hospedar, necessitava de mais que lhamar: necessitava lhenxergar atrás do muro.