sexta-feira, 4 de outubro de 2019
Talvez fosse poeta
Se não tivesse rede social,
talvez fosse poeta.
Talvez fosse poeta, de manuscrito, de
caneta tinteiro, de caneta de tinta.
Talvez fosse poeta, de maquinarias, de
máquina d'escrever, de liquepeiper, de
sonora batida de dedo sobre teclas, de
teclas sobre papel A4.
Talvez fosse poeta, de 486, ou se mais
pobre, de 386, de tela negra e letra
verde, pisca-piscando à minha frente
no MS-DOS.
Talvez fosse poeta, de barulhinho de
impressora matricial, ou se mais
moderno, a jato de tinta, tinteiro.
Talvez fosse peota, se não tivesse
corretor automático, dizendo-me no
meu celular que a palavra correta é
poeta.
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