quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Árvores secas

Não me arrependo do que fiz. Eu realmente era melhor do que eles. Sempre mereci meus títulos, minha carreira, minhas glórias. Ganhei mais do que medíocres e menos do que incompetentes. Tudo o que escrevi estava acima de qualquer compreensão de pessoas como eles. Meus livros, entre os mais vendidos. Meu nome, entre os mais falados. Meu sobrenome, entre os mais citados. Mas nunca criei amigos. Nunca me convidaram para um café. Nem mesmo os que me rodeavam apareciam sábado à noite para um jantar. Nem mesmo as plantas que plantei criaram flores. As árvores que criei eram árvores de sertão, árvores secas. Fui perceber a pouco que precisam mais do que água, precisam de carinho, atenção, compreensão. Cimentei-as com o desprezo que minha imagem produziu de si mesma. Sem descendência para regar-me, para prestar-me homenagem, pedir proteção, condenei-me a ser galhos secos de cidades cinzentadas de pessoas que não sabem da importância da felicidade.

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