segunda-feira, 26 de setembro de 2011

À busca da infinitude da traquilidade

Hanjin foi a última pessoa a sentir-se amedrontado. Foi a última, por conseguinte, a se encapsular nas novas moradas impenetráveis. Os contêineres foram investimento de anos na busca da infinitude da traquilidade. Não partiu, entretanto, de secretarias especiais das Organizações de Nações (des)Unidas, muito menos de dinheiro privado dos cofres públicos, a construção da maior segregação desde o Muro de Berlim ou Apartheid. O que se viu foi obra de mãos humanas, individualizadas, bricolagiadas a colocar tijolo por tijolo (nesse caso placa de metal por placa de metal) e com maçarico isolar-se do mundo e fechar-se para o medo. O mundo segregou-se. Não se ouviu mais nada após Hanjin se colocar em paralelepípedo, o silêncio era tanto que seu último pensamento fez questão de se filar entre os dentes: não nos conhecíamos mais, então enterramo-nos. 

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