sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Xaxá, dadá ou alafim

Sentou-se na cadeira, sendo o mais correto nesse caso, que a cadeira o adornava, tal qual um príncipe africano, xaxá, dadá ou alafim de Daomé e Oió. Agora sim, à mesa um computador, ao pulso um relógio, o qual poderia trespassar o olho em ensaiada coreografia, a dizer, não há tempo, porque os que se emparedam em mesas sentem o tempo lhes pertencerem. Sempre fora o melhor entre os melhores, tinha provas disso, troféus não faltavam no seu quarto de empregada. Guardara-os todos sem poder mostrá-los, em festa inédita todos desapareceram. Agora sim, poderia mostrá-los, qualquer coisa era questão de empinar palavra, afinal não tinha sido o melhor entre os melhores à toa, não desprezara os infelizes desconcorrentes à toa, não gastara dias e noites a estudar à toa, não procurava a atenção materna à toa, apesar de nunca ter conseguido. Agora sim, todos os orgulhos estavam para ele, todos os tratariam com a devida deferência de subordinados, o beija-mão era seu melhor ritual. Agora senhor de si e de outros, cativava mais a si, nem tanto outros. 

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