quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Valentim

Entrei em um turbinhão de onda, a batida me deixou em transe. Em questões de segundos, sonhei com um escravo que dizia "tão forte quanto sua casa, você manterá sua vida por mim. Quando você sair do mar, leve-me distante, que eu posso viver para sempre com você". Voltei a mim, descarregado na areia da praia, na minha mão, conchas. Depois descobri que seu nome era Valentim, escravo da avó de meu bisavô. Havia salvado sua vida em 1885, em Minas Gerais; a minha salvou mais de cem anos depois. Guardo-o agora em conchas e elas estarão comigo ao quando eu fizer a travessia da calunga. Cantando subirei: o cativeiro se acabou.

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