terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Mãe da eternidade

Poucos sabem, construí esta casa do jeito que você me pediu. Fui eu que, como se tivesse uma ninhada para alimentar com sobras, busquei cada telha, cada janela, porque era nosso ninho, era lá que queria encasalar-me, sem alarde, sem alarme. Mas tal qual outras tantas histórias, fiz-me mulher pré-viúva. Como o negro que visto todas manhãs e amanhãs, concentrei em mim todas as cores, pandora, quase uma nuvem cinzenta, que só se consome através do choro. É o que faço aqui a sua espera, não sei nem porquê, mas me sinto a mãe da eternidade.

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