segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A árvore amputada

Algumas árvores, algumas folhas, algum verde ainda resiste ao marrom, ao cinza, ao escuro da cidade. Em canteiros cercados, foram selecionados alguns sítios bem pequenos para que delas se sugue algum oxigênio. Aprisionadas, nada podem fazer das nuvens de escapamento, de fumaça industrial ou labial, que jogamos pelo ar afora. Parecem nem estarem aí pra isso, mas resistem ao vai-e-vem e o nada-vai e o nada-vem do cotidiano concreto da cidade. Progresso nenhum pode ver a árvore amputada. Que desenvolvimento é esse feito de lixo, se perguntaria. A que ponto os seres (des)humanos querem chegar ao cuspir cinza, ao criar lodo, ao fazer de sua morada uma privada entupida, se questionaria. Entretanto, à arvore fizeram este favor de lhe amputar o que dela mais pensa, o que dela mais se necessita, os galhos, as flores, os frutos. Assim, não se questiona, não se pensa, afinal de contas, para que pensar se existe quem o faça para nós. Já vem tudo enlatado, tudo pronto ao consumo, jornais reeditam todos os dias as mesmas notícias. Assim desmembrada só serve para a paisagem bela da cidade, o cinza.

2 comentários:

Unknown disse...

Fala fabinho, o texto ficou ótimo como sempre! eu poderia publica-lo num jornalsinho de vinculação universitária aqui em viçosa? nosso grupo de educação ambiental tem um pequeno espaço no jornal!
um abraço e nos vemos nas férias!

Unknown disse...
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