quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Termô-metro

A primeira e incerta suposição é que as pilhas do termômetro foram trocadas. Não era possível, em pleno calor sufocante, qualquer medidor que se preze marcar menos de 30 graus. Mas não foi isso que pensaram os transeuntes, os passantes. Não é que não pensaram, até tiveram este trabalho - raro nos dias de hoje - de verificar em outros aparelhos elétricos a quilometragem do tempo. Só que todos diziam que estava exatamente corretíssimo a metragem do display público. Era a neve que entretanto não conseguia desengarrafar das nuvens cinzas. De certa forma, a natureza parecia agora estar em ressonância quase magnética ao que acontecia no seu interior. A naturaleza, a beleza da natureza, também tinha aderido à ideia de intelectos humanos de que era inexorável e irreversível a modernidade, ou o seu estágio posterior. Teríamos assim que conviver com a idade moderníssima da natureza, presa em engarrafamentos, cimentada por fumaças cor-de-asfalto. À espera da neve ficamos todos, pois acreditamos que computadores não erram.

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