domingo, 27 de novembro de 2011

Erva-daninha

Desabrigaram-me, hoje. Não foi ninguém bater à porta, não foi nenhuma letra em carta, não foi nenhum mandato, foi uma pedra. Foi uma pedra que me desabrigou, na verdade, várias delas pontiagudas. Disse Drummond que tinha uma pedra no caminho, mas era em minha cama onde fizeram parada todas as pedras de todos os caminhos. Dormia coberto pela ponte, encoberto pela lua, descoberto de nenhuma atenção. Não me reclamo a mim que só tenho. De semelhança com Jesus, apenas uma: também nasci de mãe e pai virgens. Cresci porque me plantaram em um desses gramados da cidade. Erva-daninha, me chamariam se possível os biólogos e agricultores, e não desacredito que fosse feito um agrotóxico para que não mais apareça a sujar lindos blocos de concretos cor-fumaça de tanta serventia para a humanidade.

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