quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Resgate

Foi uma (re)ação espontânea, embora os jornais a chamassem de ato terrorista. Já neste tempo, sabíamos que a palavra terrorista era utilizado por aqueles que tinham o seus privilégios usurpados. Tudo começou num domingo de manhã, sem a participação de barbudos vindos da zona sul, apesar de barbudos haver, estes por falta de instrumentos que viabilizassem o corte. A bomba alocada no muro não parecia em nada ao que hoje chamaríamos de bomba-relógio, foi a fósforo acesa. Acesso deu então para que os bárbaros invadissem o Império Romano, sem a formação de outros reinos. Até agora não se sabe quem inventou o muro, a barreira, a muralha. Não foi nenhum francês, os campeões das invenções, com o seu falar cocoricó sempre na oxítona, muito menos um inglês. Talvez seja a muralha algo anormal na involução da espécie humana. Estávamos num patamar da involução, os cientifistas adoram patamares, que a bola tinha batido no fundo do poço, o que causou a sua volta (espero que seja este poço desprovido de ar, para que a bola não encontre resistência ao voltar), aquele momento da explosão era o instante da velocidade zero da bola, a preparação para a ação contrária. Quem colocou a bomba, se perguntavam dentro do muro, não se sabia. Ficaram então sabendo que a espontaneidade viera de vários lugares, com escolas, casas, tudo se orfanando de suas vitrines. Cansados de olhar através, os jacobinos, como os de dentro chamavam, foram olhar no. Não havia força no mundo que segurassem-nos. Para a surpresa dos que lá estavam, não foram violentados, não foram algemados e mandados para outros muros. Viemos resgatá-los, diziam os esfarrapos, pedaços de ninguém. Viemos tirá-los desta prisão.

Um comentário:

Rafael disse...

Tudo foi feito pelo sol....