domingo, 16 de outubro de 2011

Afinador de silêncios

O que trago sobre os ombros é meu e só meu, sustento sem implorar a benção e o pesar. Não atribuo a culpa a ninguém por não ter mais, nem mesmo vítima de mim, desprezo o que nunca vou ter. Cheguei a acreditar que o êxito tem vários pais, mas o seu revés só possui orfandade. Ninguém me disse para sentar-me à beira da estrada, fazer pose para fotos. Se continuo solitário não é por falta de companhia, é para afinar meu silêncio. E nessa calibragem sempre descubro pai de mim. O caminho não é feito pelos pés? E os meus nunca aceitaram regência nem mesmo de seu maestro, muitas vezes parece ter tido outras vidas, outros calçados, outras calçadas, outros corpos a suspender. Confio neles, por isso não me preocupo quando levantar, ficarei de pé.

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